Nasceu em Feira de Santana, Bahia, no ano de 1950. Autodidata, iniciou-se em artes plásticas em 1967. Tem formação científica em medicina psiquiátrica. Vive e trabalha em Salvador, Bahia.
No Brasil Participou de mais de 400 coletivas e 39 individuais. No exterior 51 coletivas e 8 individuais. Fez parte dos principais Salões Oficiais Realizados no Brasil. Obteve 41 prêmios de pintura, 4 de fotografia, 4 Salas especiais. Possui trabalhos em 45 museus brasileiros e estrangeiros, inúmeras referencias nacionais e internacionais sobre suas obras em livros, dicionários, revistas e jornais.
Crítico de arte filiado à ABCA e à AICA, recebeu por duas vezes da ABCA o Prêmio Mario Pedrosa (artista de linguagem contemporânea) em 2001 e 2007. Também da ABCA, por duas vezes, o Prêmio Gonzaga Duque (crítico filiado por atuação no ano), em 2004 e 2010. Em 2015 recebeu homenagem especial da ABCA por seus 40 anos como crítico de arte escrevendo ininterruptamente um recorde no Brasil. Premiado por 5 vezes na ABCA.
Cesar Romero was born in Feira de Santana, Bahia, Brazil in 1950. He began in plastic arts in 1967 as self-taught, he is also art critic. He have over 400 collective and 39 individual expositions in Brazil and 59 around the world. He collects awards, including 41 for paintings, 4 for photographs, 4 "Special Rooms" and 4 for his work as art critic. His paintings are being showing in 45 museums in Brazil and outside. In 2015 for celebrating his 40th year working as art critic he recieved an special award from The Brazilian Association of Art Critics (ABCA). Now he lives and works in Salvador, Bahia, Brazil. For more infromation, please contact us in the form bellow.
A característica mais notável no trabalho de César Romero é sua capacidade de incorporar os símbolos da religiosidade e da criatividade popular, do fluxo inconsciente do povo brasileiro, e transformá-los numa partitura pictórica erudita, onde as formas adquirem uma estrutura de vasta informação, e a gama cromática surge lentamente, sutil, por transparência e pelo ritmo da pincelada.
Em César Romero, a arte é rigor e meditação, elaboração e visualidade. E, principalmente, estão ausentes a adoração da divindade e permissividade da desordem dionisíaca.
Penso que o artista superou a dualidade e a oposição entre o popular e o erudito. Ele é um pintor que se aprofunda na herança antropológica como um manancial de vitalidade. Bebe na fonte primavera. Mas é um pinto, e não se quer mais ou menos do que isto. Tudo é popular e tudo erudito.
Muitos especialistas, com a preocupação de alicerçar por buscar para suas obras em análise e similitudes e analogias, que lhes facilitem o posicionamento crítico. A própria obra de César Romero tem sido às vezes enfocada a partir deste expediente. Sem dúvida, a muitos artistas cuja obra só se revela em seu mais alto significado, se submetida a confrontos desta natureza. A meu ver, entretanto, este não é o caso para o notável pintor baiano à nossa mira: sua produção artística não carece deste recuso, mesmo quando um o outro aspecto de algum pintura sua tange a similitude, pois esta jamais chega a ser parâmetro; nem há que se falar em coincidência, pois outros são os recursos plásticos e os objetivos da expressão artística. A este propósito, muito bem situou-se Jacob Klintowitz quando, mesmo evocando Klee e Volpi, esclarece: “Devido ao discurso exatamente peculiar, individual, único, a invenção da própria sintaxe, César Romero... É um invento ”.César Romero é sempre ele mesmo e só se parece com César Romero.
Desenho desde pequeno. Minha infância foi marcada por traços e algumas cores. Menino tímido, cheio de diálogos internos. Muitas dúvidas e questionamentos, muita leitura e música. Seria médico, um desejo familiar, que nunca contestei. Mas havia outro lado só meu: ser artista. Um segredo alimentado com firmeza e convicção. Ser artista não era na época – anos 60 – uma grande opção para as famílias. Hoje seria? Medico, advogado engenheiro, sim. Minha timidez, meu silencio foram meus grandes aliados, ninguém sufoca um sonho, ninguém.
Dois fatos foram determinados em minha formação de artista plástico: a convivência com as feiras livres, sempre às segundas-feiras, em companhia do meu pai, e a criação do Museu Regional de Feira de Santana. Se eu tivesse nascido em outra cidade, muito provavelmente não haveria o artista que sou, nem esta obstinada escolha de brasilidade. Feira de Santana fixou meu destino em forma, linha e cor.
Vim para salvador povoado de lembranças da caatinga e do sertão. Em 1967, tive minha primeira exposição e meu primeiro prêmio. Salvador me legou os símbolos afro-brasileiros e as festas de largo. Somações de influencias que resultaram no produto final do meu trabalho. Minha arte foi construída de poderosa renúncia. O tempo passou e continuo fiel à pinturas nestes 44 anos, em que signo e cor se comportam fraternamente.
Existe um lugar, além dos modismos passageiros, para um artista que busca manter uma linguagem. Há algo solido no que faço, um rastro de fidelidade aos meus propósitos, à minha busca. Tem uma coerência entre o que falo e ação. Há firmeza em meu comportamento. Uma mistura entre o espiritual e fisicalidade das coisas. Pinto minha pele, uma epiderme baiana, brasileira em sua essência. As linguagens da moda nunca me interessaram, conheço por ter informações do que existe no mundo. Meu mundo é a Bahia e sua mística. Sou fidelíssimo ao meu pensamento teórico, ao meu fazer, à minha busca. Vivo na contramão da moda.
Não sou artista desagregado, cada dia uma coisa; sou a continuidade do meu proposito como artista plástico. Sou aquele que vive a mudança a cada exposição, sem fugir do meu centro. Minha pintura é como minha vida, vem mudando com os anos, amadurecendo, mas tenho minha identidade, meu eu preservado, que vou aprimorando com o passar dos anos. Acredito que hoje aos 60 anos, sou uma pessoa melhor, mais informada, mais “flash”, do imediatismo das tendências, doas anseios do mercado, da busca de aprovação.
Não faço o jogo dos curadores improvisados e de quem possa exercer algum poder, que é sempre transitório. Sou do atelier, da pesquisa nos mercados populares das cidades que conheço. Registro, fotografo tudo, e as imagens me servem de apontamento. Se algo me interessa, me toca, vou redesenhar, rever, transfigurar, teimar, insistir, até que surja o símbolo modificando a aparência, nunca a essência. A repetição de intenções me liberta. Sou intenso em minhas buscas. Não sou de improvisar, nem de fazer colagens com obras alheias, de outros artistas, sejam nacionais ou internacionais. Não sou um mix sou uno.
Meu trabalho tem uma integridade, é autoral, vem do meu gosto, das mãos, do ritmo das pinceladas, da observação continua de minha iconografia. Meu trabalho é minha alma e minha arte é minha linguagem. Há sinceridade e ética no que faço. Existe em minha pintura um misto de espiritualidade, confissionalidade, técnica e uma obstinada busca da cor. Eu visto minha cor, que já é pele. Nessa epiderme colorida e plural, movimento 4 décadas de pintura.
Salvador
- 2011
Há um tempo nas telas de César Romero que revisita o infinito de tempos pretéritos e o tempo por vir. Este tempo conquistou o espaço poético de sua real emotividade. As cores emocionais não se tornam mais reféns da linha, enquanto a linha ainda mantém o comando da sua racionalidade. E a poesia que lhe habita o ser continua firmemente e, de tão arcaica, se tornou contemporânea, unida no tempo e no espaço da sua enorme emotividade.